domingo, 29 de novembro de 2015

A metamorfose

Seria um sábado como qualquer outro. A diferença era que há alguns dias, estava na expectativa de assistir a palestra da Cris Guerra, realizada pela revista Canguru BH, sobre a “Arte de ser Mãe”.

Definitivamente, ser mãe é uma arte!

Vim de uma semana exaustiva no trabalho. Com uma jornada de aproximadamente quinze horas por dia e o que é pior, sem ver a minha Iasmin direito.

Na quinta-feira eu literalmente já não raciocinava mais, já tinha perdido a noção de qual dia da semana estávamos e executava minhas tarefas no piloto automático.

Resultado?

Falhas!

Na sexta-feira (27/11) doida para enfim poder terminar o expediente às 19 horas (horário de gente normal) me dei conta que tinha me esquecido de algo muito importante. Ou fazia naquele momento ou teria que trabalhar no sábado e consequentemente perder apalestra.

Fiquei, organizei tudo e mais uma vez ultrapassei o meu horário de trabalho. Por incrível que pareça neste dia cheguei em casa e Iasmin estava acordada. Esqueci todo o cansaço físico e mental e fomos brincar.

Quando ela enfim dormiu, do jeito que eu estava, apaguei também.

Para o sábado estava combinado de ir á palestra na companhia da Nathália, mãe da Duda, do blog Vida Divertida.

Porém ela teve um imprevisto e não pode ir mais. Eu desanimei completamente. O cansaço me pedia para ficar quietinha na cama e dormir o sábado o dia inteiro. Sabem-se lá quantas horas o meu sono está atrasado.

Pensei: “Ir sozinha? Não conheço ninguém...estou tão cansada...é não vou! Fico, arrumo casa rapidinho e vou curtir o papai e a Iasmin. Coitado né, já fica com ela a semana toda e ainda vai ter que ficar no sábado para eu poder sair. É, não vou mais não!”

O evento era às 10h30min. As 09h40min eu  estava deitada ainda com estes meus pensamentos de ir ou não ir, quando perguntei ao papai qual seria a nossa programação.

Ele respondeu: Às 15 horas eu vou jogar bola!

Oi?

Eu preocupada em deixa-lo mais uma vez com a Iasmin e ele com o futebol marcado?

Mais do que depressa pulei da cama e fui me arrumar:

“Estou indo para a palestra, volto antes do seu jogo!”

E ai, já na palestra, ouvi uma fala da Cris que foi perfeita para min:

“Ser mãe não é a minha única forma de realização”

Isso estava lá em minhas teorias durante a gestação. Mas que caiu por terra depois que a Iasmin nasceu.

Foi bom levar este puxão de orelha ontem e me associei à postura do papai (que hoje domingo, também está jogando bola).

Ele não está errado. Tem mais que jogar o seu futebol mesmo. Consegue ter os momentos dele independente da paternidade.

Enquanto eu, estou deixando de me realizar de outras formas que não se referem à maternidade.

Isso é um erro grave. Amanhã a Iasmin já estará caminhando sozinha e eu não vou recuperar o meu tempo que passou.

Estou cometendo o erro que tanto julgo na minha mãe. Colocando filhos em primeiro lugar e deixando de viver.

E ela ainda me questionou: uma vez por mês agora você tem que ir nestes eventos?

Em outras palavras ela quis dizer: uma vez por mês agora, você não arruma casa, não faz o almoço e deixa a sua filha depois de ter trabalhado a semana toda?

Pena que não somos como os papais e não temos coragem para fazer isso todos os finais de semana. Mas, que bom que tive uma recuperação de consciência a tempo de não perder a palestra.

Mesmo o assunto sendo relacionado aos filhos, era um momento só meu! Não tinha que pensar em trabalho, marido ou casa para arrumar.

Não jogo futebol, até hoje não faço a bendita da atividade física, não tenho um momento de lazer que não seja relacionado à filhos ou família.

A rotina é trabalho e casa, casa e trabalho...(sendo a casa um segundo trabalho também).

Preciso me realizar de outras formas (pelo menos estou tentando que o blog seja uma delas).

E ai vem outro ensinamento da Cris:

“O que faz um filho feliz é (entre outras coisas) uma mãe feliz”.

Matando-me de trabalhar desta forma, chego cansada e estressada o que reflete na Iasmin. Ontem voltei tão em êxtases da palestra que o nosso sábado foi perfeito até o final. Iasmin estava radiante!

Voltando na palestra, “o manual do filho é uma construção conjunta e personalizada” e, ontem aprendi lições que vou acrescentar ao meu manual de ser mãe.

Troquei algumas teorias de lugar, mudei as ordens das prioridades referentes à maternidade e acho que teremos mudanças daqui pra frente. 

Por fim, me surpreendi ao me ver junto com a minha Iasmin em dois trechos de um vídeo que encerrou a palestra com chave de ouro e dizem assim:

“..seus olhos passeiam ansiosos pela volta. E a volta é sempre para ele – ou ela (no meu caso ela)...



“...seu velho (referindo-se ao coração de mãe) vai estar lá (junto ao coração do filho), vivo, judiado de tanta adrenalina (e bota adrenalina na minha vida nestes quase dois anos).


Ser mãe é uma metamorfose! (mudança constante, crescimento, que me deixará mais adulta, mais madura, mais mulher...).

Como já dizia Raul Seixas antes ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

E “nada como um filho para nós apresentar potenciais que nem imaginávamos ter!”.

Foi perfeito!

Chorei, mas, sai de lá com ainda mais forças.

“Esqueci meus medos. E quando vier a tempestade, enxugarei o que chove por dentro e virarei capa para acolher minha princesa com a força de um mundo...”

Afinal:

Pois é: sou mãe!

E mais uma vez obrigada Canguru e Cris por permitirem que eu me conheça melhor!



Até o próximo post!

Rúbia Lisboa

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Natal vem vindo Vem vindo o Natal....

Com vocês, um mini ensaio fotográfico:

Iasmin em: "Montando a árvore de Natal"

Entre nessa festa...acredite na magia
Brinde a felicidade...tá chegando \o/

Fotos By Mamãe Rúbia.















sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Carta da Iasmin para a Duda

Oi Duda, é a “Min”;

Pedi a mamãe para me ajudar a escrever uma cartinha para você.

Não sabemos ler ainda, mas vai ficar guardada aqui no blog para sempre e quando a gente crescer poderemos ler quantas vezes a gente quiser... legal isso né?

Quando você chegou na escolinha eu já estava lá. 

Não sei explicar estas coisas direito, mas, de cara a gente já grudou uma na outra.

Os adultos dizem que isso é afinidade, empatia e um tanto de outras palavras difíceis que não sei o que significam...

Mas sei que é coisa boa, e é isso que sinto por você: um monte de coisas boas!

Deixamos as tias da escolinha maluquinhas né?
Pois, o que gostamos mesmo é de fazer bagunça!

Foi muito legal a primeira vez que brincamos de pega-pega, uma correria danada!

Diz a mamãe que quando durmo dou gargalhadas e que devo estar sonhando com os dias animados que temos juntas.

A festa junina também foi incrível! Foi lá que minha mãe conheceu a sua e tiveram a certeza do quanto somos amigas...

Mamãe sempre fica repetindo que de 10 palavras que eu falo 11 são “Duda”...eu heim?

Tem horas que a mamãe é meio doida, e elas não entendem a gente.

Eu falo, falo, falo, faço gestos, conto tudo e ela pergunta: o que você disse filha? Afs!

E o dia do Parque?

Este dia foi doido de mais!

Eu pegava sua mamadeira e você a minha, eu queria ir para a música e você queria brincar. A gente corria e nossas mães tentavam nos acompanhar cheia de tralhas nas mãos...

Mal sabem elas que o divertido para nós estava sendo deixá-las de cabelo em pé...rimos muito não foi mesmo?

Teve também a Festa da Família na escola e o escorregador ficou pequeno para nós....

Quando nos desencontrávamos era uma gritaria danada e eu te chamava com toda a minha força:

“Duda, cadê você? ”

Fora isso tem muito mais e, minha mãe também sempre diz que quer ser um mosquitinho para ver o que a gente apronta na escola.

Onde já se viu, mãe virar mosquito? (Não tô falando que minha mãe é doida!)

O resto só a gente sabe, só a gente entende, só a gente troca confidências que as nossas mães nunca vão descobrir.

Nosso mundo de criança é muito melhor do que o de gente grande e eles não vão voltar a ser criança para aproveitarem a vida outra vez...

Adulto tem muito problema, tem que pagar conta, brigam um com outro, ficam...como se diz mesmo?

Ah! Estressados...

Tudo deles é falar que estão estressados, enquanto nós ficamos no meio desta confusão que é a vida deles.

E aí, sentimos tudo também!

Se mamãe está estressada eu fico estressada, se papai está bravo eu fico mais brava ainda, se vovó grita, eu grito também.

Nós somos o reflexo deles, porém não sabemos ao certo o que está acontecendo ou o que estamos fazendo....

Prefiro assim:

Se você minha amiga sorrir eu vou sorrir também, se você chorar eu vou chorar também, se você ficar triste eu vou ficar triste também.

Por que a gente se entende, a gente se completa!

Sempre vou gritar com toda a minha força: “Duda cadê você? ”

Mas, a mamãe disse que conversou com a sua e combinaram que não vão deixar a gente perder contato uma com a outra nunca.

E que elas cumpram a palavra delas!

Mesmo que um dia fiquemos em escolinhas diferentes, que não deixemos de ser amigas.

Já ouvi gente grande dizer que a vida tem seus altos e baixos, deixa essa parte difícil para eles resolverem...

Alto e baixo para a gente só se for do balanço da escolinha...

A nossa vida só está começando e ainda vamos aprontar todas juntas.

Conte sempre comigo!

Um abraço gostoso e sincero que só a gente sabe dar...

Com carinho “Min”. 


Fotos Pessoais By Rúbia Lisboa



terça-feira, 17 de novembro de 2015

E na Semana da Consciência Negra....

Foto pessoal: Minha linda Ana Vitória
Este final de semana minha prima Ana Vitória estava nos contando sobre um debate na sua escola onde, indiretamente uma colega criticou os negros, por não se aceitarem, alisarem seus cabelos, aproveitarem das políticas de cotas e ainda assim exigirem respeito.

O assunto gerou polêmica e a Vitória soube responder à altura, sendo ovacionada pelos professores e demais colegas. 

Ficamos orgulhosos por ela!

O assunto veio a calhar justamente na semana em que comemoramos a Consciência Negra.

Quando eu era criança, lembro-me que uma menina no clube me perguntou porque eu era desta cor e o meu cabelo deste jeito. Eu não tive a maturidade que a Vitória teve, não soube responder e sai correndo para minha mãe.

Cresci! 

Fiz faculdade com bolsa integral e política de cotas e hoje consigo me defender de uma situação de racismo.

Como é bom ver as escolas públicas propondo este tipo de debate aos seus alunos ao mesmo tempo em que diversos casos de injúria racial, seja com artistas, colegas jornalistas ou atletas são expostos na mídia.

Isso sem contar as situações que ficam anônimas, tal como a que passei lá atrás na minha infância.

Apesar da geração da Vitória ser muito mais atuante na reflexão sobre o negro na sociedade, quanto mais escura for a cor da pele, menor é a renda, menor é a educação e menores são as oportunidades e isto é lamentável e inaceitável.

Tiro por base a minha Iasmin: nossa família é de classe média. Recebemos o suficiente para termos alimento dentro de casa, um plano de saúde digno e pagar uma escola de qualidade para ela. Isso não é luxo e sim o essencial.

Confesso que até hoje só vi mais uma criança negra na escolinha dela e não sei se ainda continua lá.

Eu também fui a única negra da minha turma de Jornalismo a se formar e daí, temos uma noção da dimensão da desigualdade.

Outro dia li algo que dizia que devemos deixar de ser hashtag (#) fulano ou beltrano e brigarmos mais por punições contra o racismo.

Não tiro a razão! Eu mesma entrei na onda e a questão é que tudo se resume em uma onda. A hashtag um dia é esquecida e o racismo continua.

Que mais “Anas Vitória” não se calem diante de situações de preconceito e não se intimidem como eu me intimidei um dia.

Que a geração da Iasmin cresça com este posicionamento e mesmo que seja utópico, não tenha que passar por situações do tipo.

Que ensinemos aos nossos filhos que todos nós somos iguais, independentemente da cor, religião e orientação sexual.

Somente a educação pode combater o racismo e se ensinarmos aos nossos filhos o respeito pelo próximo,  estaremos no caminho certo.

Até o próximo post e um “salve a este Brasil- Zumbi! ”

*Rúbia Lisboa

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Mãe (ou pai) de menina

Foto Pessoal
Quem acompanha o blog a mais tempo está careca de saber o quanto me castigo por ficar tantas horas longe da minha Iasmin e que a prova maior disto foi que “mamãe” foi uma das últimas palavras pronunciadas por ela.

Chegava em casa e a encontrava dormindo e consequentemente o seu contato sempre foi maior com o papai, com a vovó e as tias da escolinha.

Graças a Deus isto tem mudado! Ela está dormindo bem mais tarde (o que devemos policiar) e tem ficado muito apegada a mim (sentia falta deste contato de mãe e filha) que estou amando. 

Já li o livro Criando Meninas da Gisela Preuschoff e hoje ao foliar algumas páginas me prendi à detalhes que até então não tinha dado tanta importância e agora achei tão interessantes ao ponto de compartilhar com vocês (mas indico a leitura do livro na integra).São eles:


  • Teoria do Apego (John Bowlby, década de 50): As crianças só desenvolvem ao máximo sua capacidade quando possuem uma ligação confiável e segura com pelo menos um adulto que sirva de modelo.
  • Complexo Materno Positivo (Verena Kast): Trata-se do primeiro, íntimo e agradável elo com a mãe (acho que Iasmin e eu estamos começando o nosso agora, depois da separação causada pelo fim da licença maternidade).
    Foto Pessoal
  • As garotas que são formadas por um complexo materno positivo acreditam em seu direito de existir, são criativas e “vivem e deixam viver”.
  • A maioria das mulheres bem-sucedidas conviveu com um pai que ensinou a independência e a autossuficiência. Elas se referem ao pai como alguém inteligente, ambicioso, ativo e tolerante.
  • Autoestima elevada é a melhor proteção que você pode oferecer à sua filha. Boa autoestima significa acreditar na própria importância e no próprio valor, independentemente da aparência e do desempenho.
  • O pai pode fazer muito pela autoestima da filha. Quando a menina se sente amada, respeitada e considerada pelo pai, recebe muito mais do que caberia em um porta-joias antigo.
  • Quando pequenina, a sua criança se sente amada e valorizada se você cuida dela, acaricia-a e a pega no colo, se fala com ela, se ouve o que ela tem a dizer e leva a sério suas necessidades.
  • Para as mães de adolescentes, no que se refere à gravidez na adolescência, lembrem-se que “o seu estilo de vida influi decididamente na decisão da sua filha – engravidar ou não. Os filhos de mães adolescentes tendem a se tornar também pais e mães adolescentes ” – Steve Biddulph.
  • Quando você respeita a sua filha e lhe dá atenção, ela desenvolve todos os dons que traz em si.
  • As filhas comparam o pai com todos os homens com quem se relacionam. Quando pai e filha mantêm um relacionamento bom e próximo, ela quase sempre escolhe um marido parecido com ele (Fato! Aconteceu comigo e meu marido lembra muito o meu pai).
  • A relação mãe-filha às vezes é conturbada (a minha com a minha mãe é até hoje) mas, pode melhorar, se a mãe prestar atenção à bagagem que traz da infância (espero ser diferente com a Iasmin). 
Os conflitos mais comuns entre mães e filhas são (peguei aqueles que mais me identifico): 


  • A falta de respeito na adolescência quando a filha quer mais privacidade e a mãe por exemplo, não respeita a suas escolhas (eu e minha mãe nesta época éramos vulcões em erupção).
  • Chantagem emocional: Muitas mães ficam perdidas quando não conseguem controlar suas filhas e, então, apelam, falando dos sacrifícios que fizeram por elas a vida toda (escuto esta ladainha até hoje). 
  • Disputa na criação dos filhos/netos: A avó acha que sabe tudo sobre o neto. E a filha não quer ouvir os conselhos da mãe. (O que mais escuto é: você não fica com ela, então não sabe!)

Ser mãe de menina é mágico (e de menino também) mas, para nós mulheres, ter uma menina significa que vamos participar e nos emocionar com os momentos mais marcantes de nossas vidas outra vez.

Encerro com algumas perguntas: Que tipo de mulher minha filha deve vir a ser? Qual é o meu papel na sua educação e no seu futuro? Que ideia nós fazemos de uma menina? Você que não tem uma filha, já desejou ter uma? Por quê? O que desejamos para a nossa filha?

Reflitam a respeito! Eu estou em uma reflexão e aprendizado constante desde que soube que seria mãe de menina.
Papai e eu nos olhamos ao sair da sala de ultrassom e nos perguntamos: “e aí”?


O nome veio sem nenhum combinado anterior: “Que venha a Iasmin! ”


E a nossa vida nunca mais foi a mesma e nos reserva muitas surpresas ainda...

Ganhei o livro “Criando Meninas” no meu aniversário e chá de fraldas da minha tia Edna, com a seguinte dedicatória:

“Rúbia,
Arriscar de vez em quando, faz a vida valer a pena...”

Acho que isso resume tudo!

Como está valendo a pena!

Até o próximo post.

Fontes:
Livro:Criando Meninas - Para Pai e Mães de Verdade! 
Biddulph, Steve - Fundamento