A
cena da vez, aconteceu no nosso último encontro do circulo no ECC. Antes do inicio da
reunião, Iasmin é o centro das atenções, e o assunto da vez foi amamentação.
Eu
e mais três mulheres comentávamos sobre o ato de amamentar. Duas são mães de um
casal de adolescentes e a outra optou por não ter filhos.
Comentando
sobre o fato de a Iasmin ir para a escolinha, uma delas (que estava com a filha
de 15 anos) disse que pena pelo fato de diminuir o peito.
As
outras duas, mais do que depressa falaram que não, que se mamar até os seis
meses está ótimo, que o leite depois disso é “água pura”, sem contar que é
“nojento e feio uma criança grande mamando”.
A
mãe e a filha rebateram que não, que inclusive saiu uma campanha e pesquisa
sobre os benefícios de amamentar por mais tempo e que a jovem ali presente era
prova viva, pois, mamou até os dois anos e não teve nenhum problema de saúde.
A
sem filho rebatia, impondo que não, que era apenas um soro e insistia o quanto
horroroso é a mulher tira o peito para uma “criança que já tem todos os
dentes”.
A discussão foi calorosa, eu apenas ouvia assustada. Em meus pensamentos estava
do lado da mãe e filha que defendiam a amamentação prolongada, ao mesmo tempo
em que me lembrava de ocasiões em que já me senti constrangida sim por ter que
dar de mamar em locais públicos.
Minha
mãe disse que eu só mamei até os seis meses porque quis. Ela fazia de tudo para
que eu continuasse, mas sem sucesso e de fato tive bronquite, alergias e afins.
Gostaria
que a Iasmin mamasse o máximo possível e para saber quem estava com a razão no
debate, resolvi pesquisar sobre o assunto.
O
primeiro e lamentável ponto é o preconceito uma vez que nossa ignorante
sociedade vê o ato como algo sexual.
Prova disso foi a polêmica gerada pela capa da revista TIME com uma mãe
que amamentava o seu filho de três anos com a ajuda de um banquinho.
São
interpretações distorcidas como esta, que faz não só a mim como a várias outras
mães se sentirem constrangidas na hora de amamentar.
Na
tentativa de quebrar este tabu, o Ministério da Saúde lançou sim, no ano de
2012 a Campanha Nacional de Amamentação (mãe e filha estavam certas). Pesquisas
também já provaram que o leite materno, após o primeiro ano de vida, não é
apenas uma “agua pura” sem benefícios. Dados da UNICEF mostraram que, no
segundo ano de vida, 500ml de leite materno fornece 95% das necessidades de
vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de
energia de que uma criança precisa diariamente.
Além
disso, diminui o risco de alergias; protege contra infecções respiratórias;
promove uma melhor nutrição, diminui risco de hipertensão, colesterol alto e
diabetes; reduz chance de obesidade; favorece a capacidade cognitiva; melhora o
desenvolvimento da cavidade bucal; dentre vários outros benefícios.
A
amamentação deve ser exclusiva até os seis meses de idade e mantida até os dois
anos ou mais. Não há embasamento científico que diga o contrário e o desmame
natural deve acontecer quando mãe e bebê acharem que estão prontos para ele
(como foi o meu caso e de minha mãe) ou com a orientação do pediatra. Enquanto
a amamentação continuar a ser prazerosa para ambos, não há nada que os impeça
de prosseguir.
Logo,
o impasse foi esclarecido e farei questão de contar às minhas colegas do
Encontro de Casais.
Se
a Iasmin não me puxar, espero poder amamentá-la por muito tempo e a moral da
história é que seja qual for a escolha/situação de uma mãe e filho qualquer
forma de preconceito é inadmissível.
Está
passando da hora de aprendermos a não julgar o próximo, principalmente quando
nossos argumentos não têm fundamentos.
#Ficaadica
e até o próximo post!
*Rúbia Lisboa