segunda-feira, 27 de julho de 2015

Projeto Smiles 2ª Edição – O Sorriso de Ester Vitória!


O que dizer sobre a segunda edição do projeto Smiles?

Vamos direto ao ponto e sem rodeios.

Tal como na primeira vez, ninguém foi!

A diferença é que da primeira tentativa sabíamos de crianças e jovens PCDs que moravam perto do local marcado e fomos atrás de cada um realizar as fotos.

Desta vez, como estávamos mais distantes a “busca” não foi possível.

A escolha e parceria com o Centro Cultural de Venda Nova se deu pelo seguinte motivo: estrutura!
Lá o espaço é perfeito e principalmente está de porta abertas para receber este tipo de público. Há diversas oficinas e atividades gratuitas há espera da comunidade em geral, com o desejo de poder beneficiar também a turminha especial.

Para vocês terem ideia no último sábado, mesmo dia marcado para o Smiles, acontecia o Projeto Pipoca em parceria com a rede Globo – cinema e pipoca gratuitos para todos!

E foi graças ao Pipoca que conseguimos registrar o único Smiles desta edição.

Quando achávamos que tudo estava perdido uma mãe chegou com seu casal de filhos pequenos sendo que a garotinha era especial.

“Será que ela soube e veio para o Smiles”? – Amanda e eu ficamos na expectativa.

Não, ela foi para o Cinema. Porém, chegou atrasada e não conseguiu mais assistir a sessão e nem ganhar as pipocas.

Ficou arrasada!

Sair de casa com a filha de sete anos no colo, portadora de paralisia cerebral, para uma oportunidade de lazer e perder caminhada não é fácil.

“Que ganhasse pelo menos a pipoca” – ela questionava. O que também foi em vão!

E foi ai que nossa aproximação foi possível. Apresentamo-nos, oferecemos ajuda, carreguei a pequena para que a mãe fosse atrás da pipoca.

Bendita seja a dona pipoca, que literalmente virou uma novela Global para consegui-la. 

Enquanto vivíamos o dilema de quem poderia doar uma pipoca para a menina (que feio né Rede Globo) uma amizade nascia.

De nãos em nãos que recebíamos da “pipoca” conhecíamos a história da Ester (...)

Começando de novo (adoro fazer isso, rsrsrsrs), com vocês:

Projeto Smiles 2ª Edição – O Sorriso de Ester Vitória!

(VITÓRIA em letras bem grandes mesmo).

A dona Janete é mãe de três filhos: o Pedro de 15 anos, o Isaías de 11 e que conhecemos também e a Ester de 7 aninhos e uma verdadeira princesa.

Viu na televisão o anuncio do projeto Pipoca e como sai pouco com os filhos, principalmente com a Ester, resolveu levar os dois menores.

A Ester não anda e carrega-la pelas ruas de BH da certo trabalho.

Entendemos que esta foi a maior dificuldade e impedimento  para as mães que convidamos para o Smiles – o deslocamento.

A Janete, por exemplo, não é adepta a cadeiras de rodas. Disse que nosso transporte público não está preparado para o cadeirante. Não são todos os ônibus que tem o elevador e quando tem a grande maioria está com defeito.

Sem contar que em dias de chuva é um transtorno sair com a cadeira. Prefere carregar a filha para qualquer lugar que vá e às vezes conta com a ajuda de amigos que oferecem carona.

Assim foi para o cinema com os filhos. Conseguiu a carona, mas não conseguiu ver o filme. A decepção dela superou a nossa de até então, ver o projeto Smiles por água abaixo.

Sua frustração me comoveu, enquanto a Ester só repetia “pipoca, pipoca, pipoca”...

Contamos a ela por qual motivo estávamos ali e o nosso desapontamento também. Ela disse que nem ficou sabendo do Smiles e que se soubesse com certeza daria um jeito de levar a Ester tal como se esforçou para leva-la ao cinema.

Logo, já que éramos pessoas que perderam a caminhada, porque não????

Mas, a Ester estava brava por conta da pipoca e disse que não iria tirar retrato (afs!).

Janete então começou a nos contar a sua história até que a Ester foi se interagindo e atropelando as falas da própria mãe para contar da sua maneira.

Entre uma fala e outra foi se acostumando com minha cara feia e me fazia carinhos, sentava no meu colo e brincava com meu brinco (adorei).

Ester Vitória faz jus ao nome: nasceu com apenas cinco meses e duas semanas, foram mais de 50 dias na estufa e UTI, uma vez que, estava com pulmão verde, sopro, fungos e infecção (relatos dela mesma).

A Janete ainda carregava o sentimento de culpa, pois, durante o gestação tinha o útero aberto e não conseguiu ficar de repouso absoluto e fazer um pré-natal mais adequado devido aos contratempos familiar que enfrentava na vida durante a mesma época.

A primeira conquista foi quando enfim, a Ester pode provar o leite materno e dai em diante foram só vitórias. Ela já passou por algumas cirurgias que já lhe permitem mais firmeza nas perninhas e aos 10 anos fará mais uma que com certeza será um sucesso.

Ester frequenta a escola e está na primeira série do ensino público. Tem muitos coleguinhas e adora a Tia Andréa que lhe acompanha durante as aulas.

Quando crescer que ser nada mais nada menos do que modelo (amei, amei e amei).

Até me esqueci da bendita pipoca...

Quando a responsável pelo centro Cultural passou por nós, pedi a pipoca para a Ester depois de várias tentativas que foram negadas pelos globais e enfim conseguimos uma (ufa!).

E a nossa modelo da 2ª Edição do Projeto Smiles abriu o mais lindo dos seus sorrisos e fez o nosso dia valer muito a pena.

Ester é vitória e milagre em todos os sentidos, inclusive em nosso projeto que até antes da sua chegada seria um fracasso.

Tenho certeza que por onde passa ela é luz e a dedicação e força de sua mãe são inenarráveis.

Fica o exemplo da sua luta com os filhos e naquele momento a tentativa de poder proporcionar para eles e para a Ester principalmente, alguma forma de lazer fora da “caixinha”.

O cinema infelizmente não rolou, mas os sorrisos que registramos, acho que provam o quanto valeu a pena e acredito sinceramente que não foi um dia perdido nem para nós e nem para esta família incrível que a tivemos a honra de conhecer.

A Janete não tem acesso à internet, mas, espero do fundo do meu coração que esta história chegue a seus familiares e amigos para poderem mostra-la o quanto ela nos fez bem e sem sobra de dúvidas fará a várias pessoas.

Boas histórias merecem ser jogadas ao vento, para serem eternizadas e contadas. Fazem bem para a alma e para o coração.

E se me perguntarem se o Smiles acabou, digo com certeza que não!

Há sempre um sorriso que mereça ser registrado. Mas, não é qualquer sorriso e sim sorrisos que nos fazem dar valor a vida!

Afinal, nada é por acaso e tudo está escrito.

E para terminar, deixo vocês com os sorrisos de Ester:





Amanda & Ester


Rúbia Lisboa

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O primeiro Arraiá a gente nunca esquece!


As férias chegaram e começamos a nossa com pé direito: Iasmin participou da sua primeira festa junina.

A turminha dela não teve uma dança ensaiada por serem muito pequeninos, mas, eles  fizeram a festa mesmo assim e por conta própria.

Fiquei encantada com cada detalhe, cada mimo que a escolinha preparou para as crianças, com as comidas, decoração e é claro babando por minha princesa.

Estes momentos são perfeitos para conhecermos o mundo de nossos filhos longe da gente. E há alguns segundos atrás estava comentando com uma amiga que, não conheço minha filha.

Definitivamente ela me surpreende a cada dia. Às vezes estamos certos que ela agirá de tal forma diante de uma situação e ela vem e faz exatamente o contrário nos deixando boquiabertos.

(Ontem tivemos uma prova incrível disso, mas ainda não posso contar...rs! Cenas dos próximos capítulos).

Mas, voltando na festa, ela junto de seus coleguinhas parecia gente grande. Totalmente independente, conversavam na língua que só eles entendiam e andavam de um lado para outro no espaço que eles dominavam.

Foi perfeito! E eu, fico cada vez mais fã de festas infantis.

Detalhe: Iasmin ainda pescou dois peixinhos de verdade e agora temos animais de estimação em casa. (vamos ver no que vai dar)

Agora é usar e abusar da criatividade para entreter minha pequena durante estas férias que prometem.

Afinal, as primeiras férias como mãe a gente também nunca esquece!

Vou contando tudo no decorrer destes 30 dias de aventura (risos).

Deixo agora alguns registros que fiz do primeiro Arraiá da Iasmin com o gostinho de quero mais...

Até o próximo post.











quinta-feira, 2 de julho de 2015

A tal da redução da maioridade....


Vocês acreditam que esta noite eu sonhei que estava escrevendo no blog sobre a redução da maioridade penal no Brasil.

O assunto está no auge e até então eu não queria me manifestar a respeito, estava acompanhando bem de longe algumas discussões, mas, depois deste sonho algo me dizia que não deveria fugir da raia.

Confesso que já tive opiniões diferentes a respeito. Detalhe: uma bem antes da maternidade e outra depois da especialização em Intervenção Psicossocial no Contexto das Políticas Públicas que ganhou ainda mais forças depois que me tornei mãe. Vocês já deduziram quais são né?

Não sou daquelas que ficam brigando para convencer que minha opinião está certa e a sua errada. Não faço isso com politica, religião e nem time de futebol.

Porém, esta semana me deparei com uma professora em defesa da redução e os seus posts nas redes sociais a respeito estavam martelando na minha cabeça.

Não sei quais são os motivos dela. Pode ser que já tenha sido assaltada por um menor ou algo mais grave. Mas, ainda assim eu ficava indignada.

Indignação tão grande que até sonhei e agora estou aqui escrevendo.

Lembro-me que quando era criança minha tia levou um garoto abandonado para passar uns dias conosco.  Ele já tinha passado pela antiga FEBEM e tinha comportamentos infratores. Lembro exatamente que suas brincadeiras preferidas eram policia e ladrão, brincar de bater um no outro e assim por diante...

A FEBEM em si já era uma prisão para menores e por isso não deu certo. Tanto que há diversas pesquisas que comprovam que menores que passaram por ela retornaram ao sistema carcerário quando adultos.

Não sei qual o foi o destino do garoto que minha tia tentou ajudar. Nunca mais vimos ou ouvimos falar dele. Um pouco mais velho do que eu, pode ser que tenha mudado de vida, pode ser que esteja preso ou pode ser que esteja morto (...).

Anos depois, ao ser voluntária em uma ação social durante a faculdade de Jornalismo, tive a oportunidade de conhecer um abrigo para meninos em que os pais ou responsáveis estavam presos ou ameaçados pelo tráfico, colocando a guarda destes menores em risco.

Era uma casa comum, sem celas ou grades, com um ótimo espaço para brincar, biblioteca, sala de jogos e TV. A proposta era totalmente oposta a da FEBEM e do que visa à redução da maioridade penal hoje.
Aqueles meninos tímidos, tristes e até mesmo traumatizados pela dura realidade que a vida já lhe pregava tinham ali, a oportunidade do estudo,do brincar e de se tornarem cidadãos de bem.

Duas comparações que já provam por si só que a redução não é a solução para combater a violência no País. Pelo contrário, ela é um incentivo tal como a FEBEM foi.

Também quero propor duas simulações:

Na primeira, imaginem um adolescente de 14 anos com pais ricos. A mãe vive nos salões de beleza e eventos da alta sociedade. O pai, empresário famoso, tem outra família e não da à mínima para o filho que ainda sofre bullying na escola e é viciado em vídeo games de violência. Certo dia movido pela depressão pegou um revolver que o pai tinha no escritório, levou para a escola e o final da história nós já sabemos.

Na segunda simulação, o adolescente também de 14 anos mora no morro e tem cinco irmãos. A mãe é agredida todos os dias pelo padrasto dele que é alcoólatra e viciado e lhe faltam o que comer. Certo dia, o menino ao ver o empresário rico distraído no celular, rouba-lhe a carteira para comprar comida para os irmãos e ajudar a mãe.

Imaginemos que a redução da maioridade já está em vigor e o menor do morro é preso com mais 30 homens em uma cela de quatro metros. Enquanto o adolescente rico vai estudar em um colégio interno do exterior (que não se compara às nossas cadeias) para a família não ter a sua reputação abalada e assim, conseguirem abafar o caso.

Posso ter sido radical. Mas, entenderam o porquê que a redução da maioridade jamais dará certo?

Prender nossos jovens é aumentar ainda mais o abismo social, econômico e cultural que já existe no País.  Segundo o Unicef, "mais de 33 mil brasileiros entre 12 e 18 anos foram assassinados entre 2006 e 2012" (imaginem os dados atualizados) e com certeza a maior parte deles são da classe média baixa.

Se a redução entrar em vigor quem será preso?????

Reduzir a maioridade é tratar o efeito, a ponta e não a base ou a causa.

Se conseguirmos investir na educação tal como eu vi no abrigo que visitei anos atrás ao invés de punir estes jovens com mais violência (que é o que acontece nos nossos presídios e cadeias) vamos conseguir mudar as estatísticas.

Nossas leis são falhas, e imaginem quantos não serão presos e punidos por engano, só porque são negros ou pobres?

Temos que lutar é por cursos profissionalizantes, empregos, investir na educação, no esporte e no lazer. Permitir o acesso à faculdade para todos independente da classe social. 

Apoiar a família, melhorar as formas de tratamento dos jovens viciados em droga, permitir que aquele menor que já cometeu alguma infração tenha chances de se reinserir na sociedade e começar sua vida outra vez.

Não podemos simplesmente dar as costas e tratá-los como animais.

Estamos falando dos nossos filhos e, a tristeza ao perceber o caminho que as coisas estão tomando me deixa aos prantos, na preocupação de qual mundo estou deixando para minha Iasmin.

Precisamos ter mais fé. E não me interessa qual é a sua crença ou religião. Acredito que fé é o simples fato de acreditar no amor, na paz e no bem. É respeitar o próximo, aceitar as diferenças, fazer a nossa parte por um mundo melhor e manter a família unida (Independente das diversas formas de família que nos deparamos hoje. Se é uma família unida no amor e na fé, não haverá motivos para que seus filhos sejam presos).

Estamos muito descrentes e fazendo as escolhas erradas. Defendendo que violência se corrige com mais violência. E o caminho não é este...

Volto ao início deste post e finalizo com minha tristeza em ver uma professora perder as esperanças. Justo aquela que escolheu a profissão que mais contribui para a nossa formação social.

Se ela e tantos outros não creem que há outras formas de combatermos as desigualdades e violência do nosso País e que a solução é a redução, qual futuro nós teremos?

É lamentável...

E só me resta dizer que ‪#‎ReduçãoNÃOéSolução‬.

Rúbia Lisboa.

Leia mais sobre o assunto. Informa-se faz toda a diferença: