O que dizer sobre a segunda edição do projeto Smiles?
Vamos direto ao ponto e sem rodeios.
Tal como na primeira vez, ninguém foi!
A diferença é que da primeira tentativa sabíamos de crianças e jovens PCDs que moravam perto do local marcado e fomos atrás de cada um realizar as fotos.
Desta vez, como estávamos mais distantes a “busca” não foi possível.
A escolha e parceria com o Centro Cultural de Venda Nova se deu pelo seguinte motivo: estrutura!
Lá o espaço é perfeito e principalmente está de porta abertas para receber este tipo de público. Há diversas oficinas e atividades gratuitas há espera da comunidade em geral, com o desejo de poder beneficiar também a turminha especial.
Para vocês terem ideia no último sábado, mesmo dia marcado para o Smiles, acontecia o Projeto Pipoca em parceria com a rede Globo – cinema e pipoca gratuitos para todos!
E foi graças ao Pipoca que conseguimos registrar o único Smiles desta edição.
Quando achávamos que tudo estava perdido uma mãe chegou com seu casal de filhos pequenos sendo que a garotinha era especial.
“Será que ela soube e veio para o Smiles”? – Amanda e eu ficamos na expectativa.
Não, ela foi para o Cinema. Porém, chegou atrasada e não conseguiu mais assistir a sessão e nem ganhar as pipocas.
Ficou arrasada!
Sair de casa com a filha de sete anos no colo, portadora de paralisia cerebral, para uma oportunidade de lazer e perder caminhada não é fácil.
“Que ganhasse pelo menos a pipoca” – ela questionava. O que também foi em vão!
E foi ai que nossa aproximação foi possível. Apresentamo-nos, oferecemos ajuda, carreguei a pequena para que a mãe fosse atrás da pipoca.
Bendita seja a dona pipoca, que literalmente virou uma novela Global para consegui-la.
Enquanto vivíamos o dilema de quem poderia doar uma pipoca para a menina (que feio né Rede Globo) uma amizade nascia.
De nãos em nãos que recebíamos da “pipoca” conhecíamos a história da Ester (...)
Começando de novo (adoro fazer isso, rsrsrsrs), com vocês:
Projeto Smiles 2ª Edição – O Sorriso de Ester Vitória!
(VITÓRIA em letras bem grandes mesmo).
A dona Janete é mãe de três filhos: o Pedro de 15 anos, o Isaías de 11 e que conhecemos também e a Ester de 7 aninhos e uma verdadeira princesa.
Viu na televisão o anuncio do projeto Pipoca e como sai pouco com os filhos, principalmente com a Ester, resolveu levar os dois menores.
A Ester não anda e carrega-la pelas ruas de BH da certo trabalho.
Entendemos que esta foi a maior dificuldade e impedimento para as mães que convidamos para o Smiles – o deslocamento.
A Janete, por exemplo, não é adepta a cadeiras de rodas. Disse que nosso transporte público não está preparado para o cadeirante. Não são todos os ônibus que tem o elevador e quando tem a grande maioria está com defeito.
Sem contar que em dias de chuva é um transtorno sair com a cadeira. Prefere carregar a filha para qualquer lugar que vá e às vezes conta com a ajuda de amigos que oferecem carona.
Assim foi para o cinema com os filhos. Conseguiu a carona, mas não conseguiu ver o filme. A decepção dela superou a nossa de até então, ver o projeto Smiles por água abaixo.
Sua frustração me comoveu, enquanto a Ester só repetia “pipoca, pipoca, pipoca”...
Contamos a ela por qual motivo estávamos ali e o nosso desapontamento também. Ela disse que nem ficou sabendo do Smiles e que se soubesse com certeza daria um jeito de levar a Ester tal como se esforçou para leva-la ao cinema.
Logo, já que éramos pessoas que perderam a caminhada, porque não????
Mas, a Ester estava brava por conta da pipoca e disse que não iria tirar retrato (afs!).
Janete então começou a nos contar a sua história até que a Ester foi se interagindo e atropelando as falas da própria mãe para contar da sua maneira.
Entre uma fala e outra foi se acostumando com minha cara feia e me fazia carinhos, sentava no meu colo e brincava com meu brinco (adorei).
Ester Vitória faz jus ao nome: nasceu com apenas cinco meses e duas semanas, foram mais de 50 dias na estufa e UTI, uma vez que, estava com pulmão verde, sopro, fungos e infecção (relatos dela mesma).
A Janete ainda carregava o sentimento de culpa, pois, durante o gestação tinha o útero aberto e não conseguiu ficar de repouso absoluto e fazer um pré-natal mais adequado devido aos contratempos familiar que enfrentava na vida durante a mesma época.
A primeira conquista foi quando enfim, a Ester pode provar o leite materno e dai em diante foram só vitórias. Ela já passou por algumas cirurgias que já lhe permitem mais firmeza nas perninhas e aos 10 anos fará mais uma que com certeza será um sucesso.
Ester frequenta a escola e está na primeira série do ensino público. Tem muitos coleguinhas e adora a Tia Andréa que lhe acompanha durante as aulas.
Quando crescer que ser nada mais nada menos do que modelo (amei, amei e amei).
Até me esqueci da bendita pipoca...
Quando a responsável pelo centro Cultural passou por nós, pedi a pipoca para a Ester depois de várias tentativas que foram negadas pelos globais e enfim conseguimos uma (ufa!).
E a nossa modelo da 2ª Edição do Projeto Smiles abriu o mais lindo dos seus sorrisos e fez o nosso dia valer muito a pena.
Ester é vitória e milagre em todos os sentidos, inclusive em nosso projeto que até antes da sua chegada seria um fracasso.
Tenho certeza que por onde passa ela é luz e a dedicação e força de sua mãe são inenarráveis.
Fica o exemplo da sua luta com os filhos e naquele momento a tentativa de poder proporcionar para eles e para a Ester principalmente, alguma forma de lazer fora da “caixinha”.
O cinema infelizmente não rolou, mas os sorrisos que registramos, acho que provam o quanto valeu a pena e acredito sinceramente que não foi um dia perdido nem para nós e nem para esta família incrível que a tivemos a honra de conhecer.
A Janete não tem acesso à internet, mas, espero do fundo do meu coração que esta história chegue a seus familiares e amigos para poderem mostra-la o quanto ela nos fez bem e sem sobra de dúvidas fará a várias pessoas.
Boas histórias merecem ser jogadas ao vento, para serem eternizadas e contadas. Fazem bem para a alma e para o coração.
E se me perguntarem se o Smiles acabou, digo com certeza que não!
Há sempre um sorriso que mereça ser registrado. Mas, não é qualquer sorriso e sim sorrisos que nos fazem dar valor a vida!
Afinal, nada é por acaso e tudo está escrito.
E para terminar, deixo vocês com os sorrisos de Ester:
Rúbia Lisboa