quinta-feira, 30 de abril de 2015

Assunto triste, mas necessário: Mortalidade Materna

Essa semana fomos surpreendidos com uma noticia muito triste no bairro onde eu moro.

A filha de um senhor muito querido e conhecido na região faleceu após dar a luz ao seu primeiro filho.

Lembro-me do meu curso de casais grávidos onde foi frisada a queda nos números da morte materna. Mas, quando acontece bem pertinho da gente, a tristeza, o susto e o choque nos fazem ficar pensando a respeito e na dor desta família.

Pesquisando sobre o assunto a tragédia da mortalidade materna vem atingindo menos mães a cada ano no Brasil, mas o ritmo de queda ainda não é suficiente para que o país alcance até o fim do ano o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) neste quesito.

A altíssima taxa de cesáreas, o excesso de intervenções desnecessárias, a falta de treinamento de equipes especializadas e a proibição do aborto (polêmico) são alguns dos fatores apontados como barreiras para que o risco diminua mais no país.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem hoje 62 casos a cada 100 mil nascimentos. A meta estabelecida até o fim deste ano pela ODM, da ONU, era chegar a uma taxa de 35 mortes por 100 mil nascimentos.

Lembrando que Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a mortalidade materna é a morte feminina ocorrida no período da gestação ou até 42 dias após o parto, não importando a duração ou a localização da gravidez, morte causada ou agravada pela gravidez. Ainda de acordo com a OMS, a morte materna tardia é aquela ocasionada ou agravada pela gravidez, que pode acontecer num período superior a 42 dias após o parto e inferior a um ano após o parto.

No caso desta moça em especial, a gravidez era de risco e ela teve a hemorragia pós-parto. Caracterizada pela perda de grandes quantidades de sangue imediatamente após o parto. Ela é a maior causa de morte de mães após o trabalho de parto, devido à possibilidade de levar ao estado de choque e, posteriormente, à morte.

Esta hemorragia ocorre logo após a saída da placenta, devido ao fato do útero não contrair-se espontaneamente, podendo levar à morte. Também pode ocorrer até o primeiro mês depois do parto, casos tenham ficado vestígios da placenta ainda colada ao útero, no entanto, este último não se configura como um sangramento que coloca a vida da mãe em risco de morte.

Quando existe uma perda de sangue abundante, ou seja, maior que 500 ml, é necessária uma transfusão de sangue para que o coração, pulmão, cérebro e rins não sejam afetados pela falta de sangue e, consequentemente, de oxigênio (foi o caso dela).

No meu parto a obstetra informou que eu tive perda de sangue e aplicou duas injeções (uma em cada coxa) usadas para ajudar a prevenir e controlar o sangramento após o parto.

Não podemos fazer comparações, mas, eu não tinha noção do que se tratava e só agora estou me dando conta da seriedade do assunto. Por isso quanto mais debatemos sobre o tema e difundirmos as informações necessárias mais estaremos contribuindo para diminuir estes números.

Se as mortes maternas também estão diretamente relacionadas à deficiência da qualidade dos serviços de saúde oferecidos às mulheres, reduzi-las é um desafio que deve envolver governos, serviços e profissionais de saúde e toda a sociedade. Para enfrentar esse desafio, o antigo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou no dia 8 de março de 2004 o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. A meta do Pacto era reduzir em 15% os índices de mortalidade materna e neonatal (de recém-nascidos) até o fim de 2006, e em 75%, até 2015. (Será que está funcionando?).

Em maio não temos somente o Dia das Mães, mas também o Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher e Dia Nacional pela Redução da Mortalidade Materna (28 de maio). Instituído no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde (Holanda) e em 1988, foi iniciada, também no dia 28, a Campanha de Prevenção da Mortalidade Materna, coordenada pela Rede Mundial de Mulheres pelos Direitos Reprodutivos e pela Rede de Saúde das Mulheres Latino-Americanas e Caribenhas, com expressivo envolvimento da Rede Feminista de Saúde, do Brasil.

Então que façamos do mês que se inicia amanhã, um mês de reflexão sobre o assunto. Que nos coloquemos no lugar desta família, deste pai, do bebê que crescerá sem a mãe. Que briguemos pelo parto normal e por nossos direitos. Que denunciemos a Violência Obstétrica (quando for o caso) e exijamos politicas públicas mais eficazes no combate desta lamentável estatística.

Estatística não! Não podemos tratar como apenas mais uma em 100 mil. Uma fatalidade, um caso ao acaso. Trata-se de uma vida que se foi. Interrompida no momento mais sonhado e desejado de uma mulher. Que se une a todas as outras para não deixarmos o assunto ao descaso e esquecimento.


Por fim, que neste momento de dor, Deus dê a esta família o conforto e discernimento para criar a nova vida que chegou (...)


Fontes:


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