Foto pessoal: Minha linda Ana Vitória |
Este final de semana minha prima Ana Vitória estava nos contando sobre um debate na sua escola onde, indiretamente uma colega criticou os negros, por não se aceitarem, alisarem seus cabelos, aproveitarem das políticas de cotas e ainda assim exigirem respeito.
O assunto gerou polêmica e a Vitória soube responder à altura, sendo ovacionada pelos professores e demais colegas.
Ficamos orgulhosos por ela!
O assunto veio a calhar justamente na semana em que comemoramos a Consciência Negra.
Quando eu era criança, lembro-me que uma menina no clube me perguntou porque eu era desta cor e o meu cabelo deste jeito. Eu não tive a maturidade que a Vitória teve, não soube responder e sai correndo para minha mãe.
Cresci!
Fiz faculdade com bolsa integral e política de cotas e hoje consigo me defender de uma situação de racismo.
Como é bom ver as escolas públicas propondo este tipo de debate aos seus alunos ao mesmo tempo em que diversos casos de injúria racial, seja com artistas, colegas jornalistas ou atletas são expostos na mídia.
Isso sem contar as situações que ficam anônimas, tal como a que passei lá atrás na minha infância.
Apesar da geração da Vitória ser muito mais atuante na reflexão sobre o negro na sociedade, quanto mais escura for a cor da pele, menor é a renda, menor é a educação e menores são as oportunidades e isto é lamentável e inaceitável.
Tiro por base a minha Iasmin: nossa família é de classe média. Recebemos o suficiente para termos alimento dentro de casa, um plano de saúde digno e pagar uma escola de qualidade para ela. Isso não é luxo e sim o essencial.
Confesso que até hoje só vi mais uma criança negra na escolinha dela e não sei se ainda continua lá.
Eu também fui a única negra da minha turma de Jornalismo a se formar e daí, temos uma noção da dimensão da desigualdade.
Outro dia li algo que dizia que devemos deixar de ser hashtag (#) fulano ou beltrano e brigarmos mais por punições contra o racismo.
Não tiro a razão! Eu mesma entrei na onda e a questão é que tudo se resume em uma onda. A hashtag um dia é esquecida e o racismo continua.
Que mais “Anas Vitória” não se calem diante de situações de preconceito e não se intimidem como eu me intimidei um dia.
Que a geração da Iasmin cresça com este posicionamento e mesmo que seja utópico, não tenha que passar por situações do tipo.
Que ensinemos aos nossos filhos que todos nós somos iguais, independentemente da cor, religião e orientação sexual.
Somente a educação pode combater o racismo e se ensinarmos aos nossos filhos o respeito pelo próximo, estaremos no caminho certo.
Até o próximo post e um “salve a este Brasil- Zumbi! ”
*Rúbia Lisboa
Nenhum comentário:
Postar um comentário