segunda-feira, 30 de junho de 2014

Amamentação Prolongada

A cena da vez, aconteceu no nosso último encontro do circulo no ECC. Antes do inicio da reunião, Iasmin é o centro das atenções, e o assunto da vez foi amamentação.

Eu e mais três mulheres comentávamos sobre o ato de amamentar. Duas são mães de um casal de adolescentes e a outra optou por não ter filhos.

Comentando sobre o fato de a Iasmin ir para a escolinha, uma delas (que estava com a filha de 15 anos) disse que pena pelo fato de diminuir o peito.

As outras duas, mais do que depressa falaram que não, que se mamar até os seis meses está ótimo, que o leite depois disso é “água pura”, sem contar que é “nojento e feio uma criança grande mamando”.

A mãe e a filha rebateram que não, que inclusive saiu uma campanha e pesquisa sobre os benefícios de amamentar por mais tempo e que a jovem ali presente era prova viva, pois, mamou até os dois anos e não teve nenhum problema de saúde.

A sem filho rebatia, impondo que não, que era apenas um soro e insistia o quanto horroroso é a mulher tira o peito para uma “criança que já tem todos os dentes”.

A discussão foi calorosa, eu apenas ouvia assustada. Em meus pensamentos estava do lado da mãe e filha que defendiam a amamentação prolongada, ao mesmo tempo em que me lembrava de ocasiões em que já me senti constrangida sim por ter que dar de mamar em locais públicos.

Minha mãe disse que eu só mamei até os seis meses porque quis. Ela fazia de tudo para que eu continuasse, mas sem sucesso e de fato tive bronquite, alergias e afins.

Gostaria que a Iasmin mamasse o máximo possível e para saber quem estava com a razão no debate, resolvi pesquisar sobre o assunto.

O primeiro e lamentável ponto é o preconceito uma vez que nossa ignorante sociedade vê o ato como algo sexual.  Prova disso foi a polêmica gerada pela capa da revista TIME com uma mãe que amamentava o seu filho de três anos com a ajuda de um banquinho.

São interpretações distorcidas como esta, que faz não só a mim como a várias outras mães se sentirem constrangidas na hora de amamentar.

Na tentativa de quebrar este tabu, o Ministério da Saúde lançou sim, no ano de 2012 a Campanha Nacional de Amamentação (mãe e filha estavam certas). Pesquisas também já provaram que o leite materno, após o primeiro ano de vida, não é apenas uma “agua pura” sem benefícios. Dados da UNICEF mostraram que, no segundo ano de vida, 500ml de leite materno fornece 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia de que uma criança precisa diariamente.

Além disso, diminui o risco de alergias; protege contra infecções respiratórias; promove uma melhor nutrição, diminui risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes; reduz chance de obesidade; favorece a capacidade cognitiva; melhora o desenvolvimento da cavidade bucal; dentre vários outros benefícios.

A amamentação deve ser exclusiva até os seis meses de idade e mantida até os dois anos ou mais. Não há embasamento científico que diga o contrário e o desmame natural deve acontecer quando mãe e bebê acharem que estão prontos para ele (como foi o meu caso e de minha mãe) ou com a orientação do pediatra. Enquanto a amamentação continuar a ser prazerosa para ambos, não há nada que os impeça de prosseguir.

Logo, o impasse foi esclarecido e farei questão de contar às minhas colegas do Encontro de Casais.

Se a Iasmin não me puxar, espero poder amamentá-la por muito tempo e a moral da história é que seja qual for a escolha/situação de uma mãe e filho qualquer forma de preconceito é inadmissível.

Está passando da hora de aprendermos a não julgar o próximo, principalmente quando nossos argumentos não têm fundamentos.


#Ficaadica e até o próximo post!



*Rúbia Lisboa
Fontes: Bebê.com; IBFAN Brasil, Ministério da Saúde.


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